24 outubro 2008

O homem que não se podia mexer

Passava os dias à janela a ver o mar. Tinha como companheira uma borboleta. Todos os dias, uma vizinha visitava-o, preparava-o e, depois de o sentar na cadeira, levava-o para a janela. Ele dizia que queria voar. Queria, um dia ser livre como a borboleta que o vinha visitar.
As borboletas têm vida curta e isso era a sua preocupação.
O que faria? Com quem conversaria depois da borboleta o deixar?
Ao sol, na janela, a contar as ondas.
Sonhava poder um dia, levantar-se daquela cadeira e voar por cima do mar. A sua cadeira tinha rodas mas não andava mais do que desde a sua cama até à janela.
Tal como a sua cadeira, o homem também não se movimentava muito, apenas o pensamento era ágil.
Os olhos penetrados no azul marinho, só se desviavam quando a borboleta pousava na sua mão.
Pela manhã, a vida daquela borboleta dava alento ao homem.
“Sabes, hoje sonhei que fui correr na praia. Aquela areia ainda é tão fina como há trinta anos. A espuma é fresca. As ondas beijaram-me os pés. Depois de muitos metros a correr, mergulhei no mar, senti aquela fresca sensação em todo o meu corpo. Depois dormi deitado. Os meus lençóis já eram feitos de areia. Sabes, senti-me livre.
O melhor de tudo, foi quando voei. Sim, eu voei!!! Estava deitado na areia e pensei ser como tu. Então levantei-me, desci até ao mar e, antes que mais uma onda me molhasse, eu voei, fui livre.”
A borboleta abanou as suas finas asas, mexeu-se mais um pouco e voou. Pairou sob a sua face como se de uma despedida se tratasse e foi embora.
O homem tinha sonhado, a borboleta não voltou a aparecer, ele não mais acordou, apenas voou por cima do mar.

23 outubro 2008

Podes vir, quero conhecer-te

Retirei-me cedo,
Estou cansado e o corpo não me aguenta.
Deito o pensamento sob a almofada.

Às voltas com as coisas que quero fazer,
Por mais que queria, não consigo dormir.
Tenho muitas expectativas para o dia de amanhã.

Como será? O que conseguirei fazer?
Não quero falhar no passo que vou dar.

A manhã ainda está longe,
Mas quero ver a luz o mais rápido possível.
Quero acordar cheio de energia.
Quero ver o mundo.

Como estará o mundo lá fora?
Levanto-me, vou à janela,
Tudo é escuro.

Mais duas horas passam
E eu ainda sem que o sono me tome.

Ânsia, vontade…
O que serás amanhã?
Hoje ainda não te conheço.

Podes vir, estarei sempre aqui.
Hoje não vejo.
Hoje, tudo é incerto.
Hoje, tudo é escuro.

Hoje estou cego de ti.
Mas podes vir, quero conhecer-te.

18 outubro 2008

A marcha

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15 outubro 2008

Os três dias de um homem…

Ontem

Eu já era, antes de ser
Antes de ser um ser.
Fui homem antes de ser criança
Fui uma vida a nascer, antes mesmo de viver.
Fui embrião em constante crescimento,
Fui algo que não sabia que era.

Hoje

Sou aquilo que me vêem ser
Sou hoje, o que me fiz, homem.
Sou bola de sabão a passear entre agulhas,
Sou o sonho de um ser, sou a vontade de viver.
Sou o orgulho de mim,
Produto da minha matéria.

Amanhã

Serei barco em ondas de mar alto,
Serei idóneo de ser eu.
Serei porto de alguém,
Irei emergir para o mais alto de mim.
Vou descansar e ler um livro,
Serei caminho traçado ainda sem um fim.

14 outubro 2008

Casa Del Rio

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09 outubro 2008

Work in progress...


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05 outubro 2008

É com certeza...

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02 outubro 2008

Greve nos céus

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