25 fevereiro 2009

Perseguição

Olhei para trás e senti-me perseguido.
Havia pegadas no meu encalço.
Mais uns passos e tentei despistar o meu perseguidor com umas quantas ondas.
Às páginas tantas, voltei a olhar e, fiquei confuso - havia mais perseguidores.
Numa praia tão grande e só vêm atrás de mim?
Porque será?
Continuei sozinho na praia, eu e os meus perseguidores… a pensar por que razão eles me perseguem só a mim.

19 fevereiro 2009

A galinha

Era uma vez uma galinha que falava.
Cortaram-lhe uma asa e ela falou,
Cortaram-lhe outra asa e ela voltou a falar.
Cortaram-lhe uma pata e ela falou.
Cortaram-lhe a outra pata e ela continuou a falar.
No dia em que deixou de pôr ovos, mataram-na.

17 fevereiro 2009

A obra

O que se cria, não é o que se escreve nos livros. A obra não está nas páginas dos livros.
Isso?
Isso são simplesmente litros de tinta sobre o papel, capas de alto relevo, com brilho, corte e outras modas.
A obra está na interpretação que cada um faz daquilo que lê ou ouve.
A música não está na pauta nem na batuta de um maestro.
A música não se agarra, a obra musical é algo que se perde e se encontra no ar.
Uma obra é algo único, capaz de fazer pensar, capaz de nos inquietar, capaz de nos suster, capaz de nos absorver. Nem que seja por um segundo.

02 fevereiro 2009

Castigo ao homem

Era uma vez um homem que ouvia os pensamentos das pessoas mas não conseguia emiti-los, era mudo.

Na rua, ouvia pensamentos tristes e contentes,
Mais ou menos próprios
Permitidos e outros nem tanto

Um dia, a polícia descobriu o dom do homem.
O governador ordenou que as pessoas fossem proibidas de pensar.

O maior castigo para o homem.