15 dezembro 2009

Ser vivo

Coloca-se a semente, o ser cresce…
Alimenta-se, ganha forma e força.
Corpo mais forte, resistente a chuva, sol e vento.
Lentamente cria ligações cada vez mais fortes e mais dispersas.
Abre os braços e dá fruto.
O sangue que lhe percorre derrama com as feridas do tempo.
É apoio de alguém, sombra por vezes.
Veste cor na primavera e tristeza no Outono.
O mais admirável – morre sempre de pé!!!

14 dezembro 2009

O Homem que vestia verde

Vestia de verde todos os dias porque tinha muita esperança.
Camisola verde para ir ao cinema, esperança em ver um bom filme.
Gravata verde para o concerto na esperança de ouvir uma peça bem dirigida.
Amuleto verde para o desporto, não que o seu clube vestisse à cor da relva mas antes na esperança da vitória.
A todos os locais onde ia, com quem se fosse encontrar, verde, sempre verde.

Houve um dia em que pensou que não valia a pena vestir de verde num lugar. Não perdeu a esperança, não desacreditou no que lhe restava. Simplesmente leu num pedaço de papel que encontrou nesse mesmo lugar:
“NÃO”

Então, percebeu que não devia ter esperança em voltar àquele lugar (onde afinal nunca tinha estado a não ser em sonho).

Contudo, o homem não desistiu do verde, o papelito tinha escrito no verso:
“Não é difícil sonhar todas as noites. Difícil é lutar, todos os dias, por um sonho.”

Não deixou de vestir de verde, não deixou de ter esperança, não deixou de sonhar.
Somente não trajou mais a cor da lima naquele lugar.