Maria pedia na rua para poder ter, pelo menos, uma refeição quente por dia.
Aos sete anos já era independente.Não dependia de nada nem de ninguém para decidir por onde caminhava, a que horas se levantava ou que roupa vestia. Tinha uma explicação: há dois anos ficou sem a companhia da mãe.
Antes disso, passava os dias com ela na rua. Eram dependentes uma da outra. Há dois anos, elas eram uma família - Mãe e filha. Há dois anos Maria tinha uma mãe que lhe apertava a roupa nas noites frias do Inverno. Há dois anos, Maria partilhava a mesma sopa com a mãe.
Porque foi abandonada, Maria não sabia explicar mas não culpava a mãe. A mãe tinha sintomas de uma doença grave e pensou entregá-la num abrigo para crianças.
No dia em que faleceu, há dois anos, sem forças para caminhar, pediu a Maria que lhe fosse buscar algo quente.
Pediu para trazer ajuda e, antes de se despedir, disse que a amava “daqui até à lua”.
Maria, então com cinco anos, correu para pedir ajuda para sua mãe.
Por mais rápida que chegasse a ajuda, Maria nunca chegaria a tempo de salvar a sua mãe, tinha falecido assim que se separaram.Não deixaram que Maria visse o adormecer de quem a trouxe ao mundo. Desde então, a menina pedia na rua.
Nesta altura, Maria enchia-se de luz. Os seus olhos brilhavam com as iluminações de Natal.
Como nunca tinha tido um presente de Natal, Maria não percebia o que significava a imensidão de sacos que toda a gente transportava nesta altura do ano. Pensava que, cada saco levava uma luzinha para colocar no pinheiro. Quem mais sacos leva, mais luzes tem no pinheiro.
À noite, Maria tinha a companhia do presépio da cidade para dormir. Aconchegava-se no meio das figuras dos animais. Por detrás do burro e da vaca estava o calor que a mantinha viva – era a família que nunca tinha tido.
Na véspera de Natal, Maria sentia muito frio e, quando estava prestes a adormecer, foi visitada por uma luz que a aqueceu. Maria não teve medo e pediu, sem hesitar, o seu melhor presente de Natal.
Maria não queria uma boneca, não queria riqueza, não queria ter muita coisa; Maria pediu para voltar a ver a mãe e, se lhe fosse permitido, poder colocar uma luz no pinheiro com a ajuda dela.
A luz que pairava sobre ela, levantou em direcção ao céu deixando um rasto brilhante.
Na manhã seguinte o presépio tinha vida, Maria tinha realizado o seu sonho. A menina que pedia na rua tinha dado vida ao menino da manjedoura.
O pinheiro de Natal tinha mais uma luz, a mais luminosa de todas, Maria acendeu-a com ajuda da sua mãe.