24 fevereiro 2008

Capítulo II: Início da descoberta...

... continuação
Nas férias do Verão passado, a brincar com os seus primos da Escócia, Luciana foi-se esconder no celeiro do fundo do jardim. Quando estava quase a ser descoberta, pisou aquela tabuinha de soalho que muitos tesouros guardava.
Depois da brincadeira das escondidas ter terminado, quando todos se deliciavam com os biscoitos de Marília, Luciana esquivou-se da cozinha e desceu o jardim. Sabia que ali se guardava algo.
Com o sol a descer, a luz já não era muita e, meio a medo, entrou no celeiro. Desviando-se dos utensílios e ferramentas encontrou o pedaço de madeira que guardava um tesouro. Má sorte, tinham deixado uma caixa em cima da tábua solta do soalho. Não tinha força para a levantar e a sua descoberta teria de ser adiada.
À noite, enquanto os senhores jantavam na sala com a menina Luciana, Rodrigo mostrava a Marília mais um texto.
A ternura de mãe que aquelas mãos tinham, tocara nas mãos de Rodrigo.
- Um dia serás escritor.
Rodrigo, contente por tal motivação, mas com consciência da existência de melhores profere uma expressão amena:
- Calma, Marília. Ainda tenho muito a aprender. Vê só a menina Luciana, escreve muito bem. Um dia gostava de ser como ela. Gostava de ver o meu livro exposto na montra da Pirâmide
[1].
Rodrigo sabia que, para poder ter um livro escrito, tinha de trabalhar muito, tinha de escrever bem. Para ele, não era uma questão de orgulho mas antes uma questão de qualidade que ele dizia querer atingir.
D. Joaquim queria saber sobre o que ele tanto escrevia.
Por um lado, Rodrigo não tinha muito à-vontade para mostrar a D. Joaquim que gostava assim tanto de Luciana e depois, mesmo que isso não influenciasse, sabia que se fosse intenção de D. Joaquim editar tais textos, a vontade, o dinheiro e os seus conhecimentos encarregavam-se de colocar o livros nas montras de todas as livrarias. No entanto, um livro seu, seria publicado por qualidade e não por satisfação de um capricho.
Rodrigo, que gostava de ler e que escolhia os autores pela qualidade que ouvia falar, queria ser bom na escrita. Dizia ele que as simples linhas que escrevia para Luciana não chegavam para ser um bom escritor. Queria saber contar histórias, queria saber escrever fluentemente, queria conseguir prender os seus leitores aos seus livros e às suas personagens.
_____________
[1] Uma pequena livraria que ficava na cidade onde tinha nascido Rodrigo. Não se comparava às do norte do país onde figuravam os melhores escritores. Rodrigo só queria escrever.
continua...

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