23 fevereiro 2008

Capítulo I: Começando…

Mansão imperial no meio de um bosque denso. Datava do século XVIII e mais parecia um palácio. Tinha um belo lago no meio do jardim.
Rodrigo estava no jardim como era habitual às cinco da tarde. Escrevia mais um dos textos que dizia serem a voz da sua alma. Era um jovem com um amor pela vida que não era habitual.
Escrevia sobre duas coisas: a busca de algo que nem ele sabia o que era e sobre Luciana, a sua eterna paixão.
Luciana apreciava-o da janela do seu quarto, no terceiro andar. Via-o como a inspiração para os seus escritos, já havia editado um livro: “Memórias de uma infância inglesa”.
Luciana era a filha dos senhorios. Tinha da mesma idade de Rodrigo.
Como Rodrigo era de classe inferior, este admirava-a platonicamente.
Rodrigo era órfão e, desde muito novo, ficou a cargo de Marília, a empregada daquela mansão. Marília foi como uma mãe para ele.
Quando soube do acidente que vitimara os pais de Robrigo, Marília pediu a D. Joaquim e a D. Teresa que o albergassem. Afinal, sempre serviram aquela casa com rectidão.
D. Joaquim, de bom coração, aceitou deixá-lo a cargo de Marília, ajudou sempre na sua educação mas não lhe demonstrava o carinho que interiormente tinha por aquele rapaz.
Rodrigo cumpria com distinção as suas obrigações. Dizia que tinha de agradecer a Marília com boas notas.
De manhã cedo ajudava com os animais da quinta, depois ia para a escola do outro lado do bosque, quando regressava sempre com um apetite de leão – dizia Marília, tinha somente meia hora. Dizia ele que tinha de fazer os trabalhos de casa porque a matéria estava fresca.
Depois voltava para as lides da quinta. Ajudava tudo e todos sempre sem lhe pedirem. Trabalhava com afinco.
Às quatro e meia, religiosamente, ia lanchar. Marília preparava-lhe um repasto que alimentava três pessoas mas Rodrigo, consumia-o.
Aos olhos de Marília, Rodrigo estava ainda a crescer e precisava de repor energias. Para Marília, era ainda menino mas trabalhava como um Homem. Pegava nos utensílios com à-vontade invulgar.
Mas do que ele gostava mesmo, era de escrever. Em pequeno, com imaginação fértil, era dos melhores nas composições. Depois andou alheado da escrita. Com 16 anos, como não tinha forma de se expressar directamente a Luciana, começou a “confessar-se ao papel” como ele referia à sua escrita de amor platónico.
Cinco da tarde e lá estava novamente Rodrigo a escrever. Marília olhava-o com ternura da porta da cozinha. Os seus cadernos ficavam guardados debaixo do soalho do sótão do celeiro. Aquela tabuinha que escondia o seu amor por Luciana.
Seu sonho maior, era poder escrever um livro que demonstrasse o seu afecto por ela. Assim, concretizava a vontade de escrever e exteriorizava o seu sentimento. Mas, para ele, ainda era cedo.


continua...

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