27 julho 2007

Saber ver...

Quem não entende um olhar,
Muito menos entenderá uma longa explicação...

26 julho 2007

Estou... a ser o que sou

Estou…
Despojado de tudo o que é banal. Comigo, um pensamento envolto em ti. Peço um café. Estou a ler as crónicas que escrevo para ti.
Cada grão de açúcar que mergulha na pequena chávena que repousa na mesa conta as vezes que quero mudar tudo o que escrevi.
Sou piegas e quero ser mais real, sou repetitivo e quero ser singular, sou igual a tantos outros mas diferente de todos eles.
Defeitos meus, pensar que estou certo – saber que posso não estar… ter espírito crítico para os outros mas achar que eu posso contornar a consciência. Posso ser diferente. Não posso mudar o que fiz mas posso corrigir na próxima. Mas na próxima não me lembrarei ou, na próxima, pensarei que já o fiz uma vez e que posso voltar a fazer se mostrar arrependimento. É difícil viver comigo, é difícil ter esta consciência. É difícil ter uma vontade de ser diferente de ser melhor de querer que gostem de mim…
Depois de tudo sei que acho que sou melhor. Não sou O melhor mas melhor do que já fui.
Espelho meu – mudava a minha forma de expressar. Mudava a forma de exprimir. Digo pouco em muito, digo algo em pouco.

Olhar ao espelho

Nove de manhã, abro a janela do quarto que me dá a vista para um horizonte verde de um campo infinito.
Fico a contemplar o cheiro que entra pelo quarto – cheiro a primavera. Estou só numa imensidão de luz, o sol…
Olho para o espelho e vejo a imagem de alguém que quer saber mais, não quero ser melhor do que alguém… quero ser melhor do que aquilo que sou hoje.
Há coisas a corrigir nesse olhar expressivo… o que transmite o olhar que vejo no espelho? Por vezes nem eu, deste lado, consigo ver o que significa a expressão que sai da íris profunda…
Onde pode chegar a persistência da pessoa que está do outro lado do espelho e que afinal sou eu?
Óscar Wilde disse – Sou tão complicado que, por vezes, nem eu me entendo…
Tenho um espírito barroco, cheio de ornamentos… no entanto, gosto de simplicidade, gosto de minimalismo, gosto da perfeição…
A perfeição não existe mas o indivíduo do outro lado do espelho teima em querer atingi-la.
A persistência permitirá chegar mais longe com certeza, mas devo cuidar nos caminhos que percorro para chegar ao outro lado do espelho… há uma membrana muito fina que separa o longe do perto…

08 julho 2007

A viagem que nunca fiz... II

Contas-me os teus desejos e segredos com a voz que tanto gosto de ouvir. Ouço-te atentamente naquele cenário antes imaginado por mim. Sinto-te calma, adulta e segura de ti a cada palavra que proferes. Eu estou ali a admirar-te, é um sonho nunca tido. Primeiro uma viagem aos teus pensamentos, desejos e vontades. Depois uma admiração constante pela tua pessoa. Tens um dom de me encantar com a tua voz, tens a capacidade de me prender a ti sem que seja preciso o recurso a qualquer tipo de força. A que emites com a tua presença é mais do que suficiente para que eu me sinta de alguma forma preso a ti.
Mostras confiança em mim e confessas os desejos mais íntimos, não esperava que o fizesses mas isso demonstra o à-vontade que tens para comigo.
Confirmas que adoravas ir aonde te quero levar.
Ainda não sei se estás admirada por saberes que eu o sabia. Fico feliz por estarmos em sintonia. Memorizo, sem esforço, cada vontade tua, cada gesto de admiração por algo. Tento conhecer os teus gostos, tento saber das tuas vontades. Não mudarei por seres quem és ou por gostares do que gostas mas gosto de te conhecer, gosto de saber de ti.
Dás por ti a meio de uma conversa já longa e eu não estou cansado de te admirar.
A viagem está no início mas o caminho que fica para trás já é bom.
Voltas a uma investida. Juntas o teu corpo ao meu.
Recostas-te naquela imensidão branca dos lençóis e puxas-me para ti. O branco faz-me lembrar que estamos a começar algo. Será assim?
Pelo menos, no que à viagem diz respeito, acho que até já embarquei na tua loucura… Já me sinto envolvido.
Envolvemo-nos numa carta de viagem… um projecto de beijo.
Traço a rota, passeando com os dedos pela tua camisola sentindo as formas do teu caminho corporal. Dizes-me que queres que toque no caminho real em vez de tocar somente no mapa.
Despes a camisola e fico a admirar-te. Sou paciente, também gosto de admirar o trajecto que farei com os meus dedos pelo caminho do teu corpo. Estou a ferver por dentro. Malas repletas de vontade de viajar… contigo, nesta aventura.
Gostava de poder parar o tempo aqui mesmo, neste exacto momento. Nós os dois numa cama idêntica a um caminho limpo, a contemplar um outro caminho já usado por outros em outras descobertas, qual ninfa a meu lado.
Cruzamos os nossos caminhos, estamos juntos na mesma viagem. A viagem que nunca fiz…
Pele na pele… passagem de temperaturas… troca de cumplicidades.
Qual o nosso destino?
Agora estou com viagem marcada e já não temos retorno, é o desejo que nos leva, por caminhos nunca antes atravessados por nós.
(Continua…)

07 julho 2007

A viagem que nunca fiz... I


Comecei cedo… bastante cedo para quem está numa de viajar. Mas tudo bem quando se corre por gosto não se cansa. Preparei tudo o que me faz falta. Mochila, roupa interior, umas T-shirt mais um par de calças, as coisas do costume. Levo comigo um livro, a máquina fotográfica, e um bloco de apontamentos.
Saio de casa a pé e desço a avenida. Toca à tua campainha…
Cinco minutos e ainda a porta está fechada. Não costumas demorar tanto. És muito prática e não trazes muitas coisas contigo, daí a minha impaciência.
Vens à porta. Sobre ti, uma camisola que te dá um ar fantástico…
Dizes-me que não podes viajar comigo nesta minha ideia louca de dar a volta ao mundo contigo e viver momentos únicos. Não explicas porquê.
A princípio, fico triste mas percebo que tens uma guardada.
Olhas para mim e fazes-me uma proposta que já tinhas em mente:
- Entra e faz comigo uma viagem única.
Como um adolescente que vê a nudez feminina pela primeira vez, os meus lábios tremem… as minhas mãos ficam frias, como aliás é meu hábito ficar quando estou num momento tenso.
Fixas-me um olhar, daqueles que ainda ontem me permitiste ver. (Aquele que permite uma pequena viagem de imaginação de um momento a dois).
Entrei com passos leves. Cuidadoso para não esbarrar com um armário ou com qualquer outra coisa e estragar aquele momento com um movimento desastroso.
Percebes que estou tenso, pões-me a mão no ombro depois tocas-me na cara e dizes-me a frase que já te ouvi dizer mais do que uma vez:
“- Não tens porque te ficar nervoso… não te faço mal…”
Convidas-me a sentar mas a temperatura já está a crescer… O dia já começa a subir. Com ele, um sol alegre…
Vamos para o teu quarto que fica virado para o mar…
Abres a cortina e ficamos ali os dois sentados na tua cama a ver cada onda que se estende no areal. Vidraça enorme com travo de maresia.
O único risco no vidro – a linha do horizonte.
Perguntas-me para onde eu te quero levar na viagem que sonhei. Não quero revelar-te já porque gostava de fazer a dita viagem realmente e fazer-te uma surpresa mas insistes suavemente com os teus dedos sobre os meus a acabo por dizer:
- Quero levar-te a conhecer os Maoris… quero poder passear contigo naquelas imensas paisagens verdes… Sabes bem onde quero levar-te… Sei que gostavas de lá ir. Ouvi-te dizer um dia que era a viagem com que sonhas…
Talvez seja atrevido da minha parte querer ser eu a levar-te ou talvez ser egoísta querer ser eu a estar contigo… talvez… Por vezes, dizemos que é defeito ser-se egoísta, mas quando queremos alguém, também temos de o ser um pouco.
Começas a falar dos teus sonhos, das tuas viagens nunca feitas e também desejadas. Só não me dizes se queres companhia. Também não pergunto.
Normalmente não pergunto aquilo que não me dizes.
Não gosto de insistir. Conheces-me bem e sabes que assim sou.
Por vezes, fico curioso, não digo que não. Mas acho que se te perguntar fico curioso demais. As coisas que acontecem sem esperarmos trazem mais sabor.
Assim, começa uma investida tua. Tocas-me nas costas e dizes que sentes calor. O meu coração está na linha de partida. Corrida importante.
Tocas-me na pele, sinto a suavidade do teu toque. Nunca o tinhas feito antes. Estou a sonhar.
Pedes-me para viajar contigo sem destino dentro do espaço daquele quarto virado para o mar.
E eu, qual navegador sem rota traçada, começo uma viagem de circum-navegação à volta do mundo contigo ao leme.
Tens esse poder sobre mim.
(Continua…)

04 julho 2007

Distância

Estamos longe mas não distantes. No entanto, quando estamos próximos, há uma certa distância que nos separa.
Será que a distância existe?
Será que criamos uma distância para protegermos o nosso corpo de um impulso?
Mas por que será?
O que controla um impulso não é o corpo mas sim a mente. O corpo é o meio pelo qual a mente se liga a uma outra ou faz um corpo ligar-se a outro.
Olhamos para alguém… olhos nos olhos… o toque não existe mas o factor corporal liga as duas mentes…
Duas mãos tocam-se, trocam temperaturas… espíritos ligados… factor corporal.
Um abraço pedido… uma ligação em espera… (criarás distância?)
Hoje, a distância, é aquilo que colocamos a separar as nossas ligações… a segurar os nossos impulsos.
Conjuntura, condição, vontade, desejo, sentimento, afecto… é o que influencia a distância, é o que influencia a ligação…
O meu sentimento… não quero distância.
Teu olhar, tuas mãos, tua distância… estou ligado.

03 julho 2007

Cataloguei o teu livro

Entrada principal – o teu olhar…

Título [Determinação] / Primeira menção? Responsabilidade . – Edição? Voltava a editar o “momento” (fac-simile) . – Local? Onde quiseres menos no que já recusaste: quem edita? “tu” e eu, sem data marcada (nem início, nem fim) . - Páginas tantas (leio cada capítulo com vontade de ler mais, de tocar suavemente cada página tua, de sentir o cheiro impresso na tua pele (quero senti-la): num sentimento cheio de cor ; com dimensão ainda não medida . – (Colecção / Coligir / Juntar – os meus lábios aos teus ; repetidamente).

Notas? Anoto na memória cada apontamento teu.
Pista (dá-me uma para “te encontrar”…

Modo de Aquisição: nem compra, nem oferta, nem permuta… quero conquistar um exemplar de um beijo teu.