03 dezembro 2007

Conto de Natal (I)

Maria pedia na rua para poder ter, pelo menos, uma refeição quente por dia. Sete anos e já era independente. Não dependia de nada nem de ninguém para decidir por onde caminhava a que horas se levantava, que roupa vestia. Tinha uma explicação: há dois anos foi abandonada pela mãe. Há dois anos passava os dias com ela na rua. Eram dependentes uma da outra. Há dois anos elas eram uma família a duas. Mãe e filha. Há dois anos Maria tinha uma mãe que lhe apertava a roupa nas noites frias do Inverno. Há dois anos, Maria partilhava a mesma sopa com a mãe.
Porque foi abandonada, Maria não sabia explicar mas não culpava a mãe.
A mãe tinha sintomas de uma doença grave e pensou entregá-la num abrigo para crianças. No dia em que faleceu, há dois anos, sem forças para caminhar, pediu a Maria que lhe fosse buscar algo quente. Pediu para trazer ajuda e antes de se despedir, disse que a amava.
Maria, então com cinco anos, correu para pedir ajuda para sua mãe. Por mais rápida que chegasse a ajuda, Maria nunca chegaria a tempo de salvar a sua mãe, tinha falecido assim que se separaram.
Não deixaram que Maria visse o adormecer de quem a trouxe ao mundo. Desde então, a menina pedia na rua. Nesta altura Maria enchia-se de luz. Os seus olhos brilhavam com as iluminações de Natal.
Como nunca tinha tido um presente de Natal, Maria não percebia o que significava a imensidão de sacos que toda a gente transportava nesta altura do ano.
Pensava que cada saco levava uma luzinha para colocar no pinheiro. Quem mais sacos leva, mais luzes tem no pinheiro.
À noite, Maria tinha a companhia do presépio da cidade para dormir. Aconchegava-se no meio das figuras dos animais. Por detrás do burro e da vaca estava o calor que a mantinha viva – era a família que nunca tinha tido.
Na véspera de Natal, Maria sentia muito frio e quando estava prestes a adormecer, foi visitada por uma luz que a aqueceu. Maria não teve medo e pediu, sem hesitar, o seu melhor presente de Natal.
Maria não queria uma boneca, não queria riqueza, não queria ter muita coisa; Maria pediu para voltar a ver a mãe e, se lhe fosse permitido, poder colocar uma luz no pinheiro com a ajuda dela.
A luz que pairava sobre ela, levantou em direcção ao céu deixando um rasto brilhante.
Na manhã seguinte o presépio tinha vida, Maria tinha realizado o seu sonho. A menina que pedia na rua tinha dado vida ao menino da manjedoura.
O pinheiro de Natal tinha mais uma luz (a mais luminosa de todas), Maria acendeu-a com ajuda da sua mãe.

Um comentário:

Rosa de Fátima disse...

jesus, que era funcionário da biblioteca, ao passar pelo local vendo Maria e mãe desamparadas, abeirou-se ofereceu-lhes um pequeno almoço quentinho e deu-lhes de presente a magia de algumas leituras na Bib.
ouvindo jesus, maria e sua mãe cresceram no Amor