06 janeiro 2008

Voltei a apaixonar-me…

Voltaste a cruzar o teu olhar com o meu, então apaixonei-me.
Voltaste a ficar na minha retina, então ceguei.
Imaginei que o nosso reencontro seria intenso, mas não pensei voltar a sentir que já senti outrora.
Sabes como me falar, sabes como chegar a mim. Eu não tenho essa sorte, não consigo alcançar-te. Não sei se o queres. Não insistirei, digo eu.
Se calhar nestas linhas que escrevo, pensarás que já é uma insistência.
Será assim?
Será que estou só a escrever aquilo que não tenho coragem para te dizer?
Voltei à adolescência.
Não sei escrever, (se é que alguma vez soube) mesmo quando risco carvão sob o papel e até consigo formar as letras do teu nome.
Não sei como olhar para ti, quando me falas.
Não sei como reagir a um elogio que me fazes.
Isto acontece aos adolescentes. Má sorte a minha porque ainda o sou…
Gosto da forma como fazes de conta que duvidas de quem será a destinatária destas linhas. Dá-te um ar, um tanto ou quanto, de indiferença mas sei que o sabes.
Reconhecer-te-ás nas minhas palavras, com certeza, pois o teu nome está naquilo que lês.
Por vezes não tens paciência para estas coisas. Por vezes não estás para perder tempo com coisas de um jovem em busca de algo que nem ele saberá o que é.
Pois é, isto retrata bem aquilo que sou e o que escrevo aqui.
Sou alguém que escreve sobre a procura de um estado (de alma, de espírito, etc.) que está personificado na figura de uma mulher.
Mas…
Aquilo que procuro, não tem corpo… és tu.
Aquilo que procuro, não tem olhar... é o que vejo e não alcanço.
Aquilo que procuro, não tem forma de lá chegar… teus lábios.
Aquilo que procuro, será algo ou alguém? Não sei.
Tem o olhar expressivo da tua íris. É suave como a tua pele que nunca toquei.
O que procuro está personificado no corpo de uma mulher.
Essa mulher, és tu.

3 comentários:

Dora Pinto disse...

"Se eu te pudesse dizer
O que nunca te direi,
Tu terias que entender
Aquilo que nem eu sei."

Fernando Pessoa

UsadosFashion disse...

Olá, Hélder!!!
Já algum tempo que não "passava" por aqui, mas não podia deixar de dizer para continuares a escrever pois acredito que muitas pessoas se identificam com o que pensas. Espero consigas chegar mais longe e alcançar o que pretendes junto da Vera.
Beijinhos,
Sandra

Dora Pinto disse...

"O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer.

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar..."

Fernando Pessoa