06 setembro 2007

Acordei irado…

Enquanto olhava o infinito, veio um pensamento ter comigo sobre as coisas que me irritam e que, se pensarmos um pouco, podem irritar alguém (como eu…)
É muito chato pensar que vamos comprar uma carteira, em pele para durar mais tempo - dizemos nós - e, por mais compactas que as procuremos, temos sempre de comprar um “calhamaço” enorme pois o nosso BI é tão grande que parece um cartaz de supermercado a fazer promoção a um vinho qualquer.
A forma como nos vestimos é algo que me irrita um pouco. Porquê insistimos em vestir uma roupa melhor ao Domingo, só porque é Domingo. Eu que até sou religioso, tento manter algum respeito com essas coisas da religiosidade. Não o faço por subserviência à Igreja instituição, conservadora nos seus píncaros. A "Instituição" que apregoa a não-ligação aos bens materiais mas que detém acções da FIAT e da Ferrari, mais a Danone, que tem os corredores do Vaticano rodeados de riqueza e ostentação dos bens materiais. (Sim, ainda sou Cristão, porque acredito em Deus). Irrita-me vestir a melhor roupa para a missa não por respeito mas para mostrar no adro à saída como se fazia antigamente na aldeia.
Irrita-me a mania de chamar os empregados de mesa de “Faxabor” (!!!) Os empregados de mesa têm nome.
Concordo que não sabemos os nomes deles mas e se esperarmos que olhem para nós ou em vez de gritar um “faxabor” no meio de uma esplanada nos levantarmos e formos pedir o que queremos. Eles são funcionários do café ou restaurante, não são nossos escravos.
Irrita-me a maneira como as pessoas não cumprimentam à entrada de um estabelecimento. Entram mudas e saem caladas, excepto se empregado ou empregada (jeitosa) nos olhar simpaticamente e nos disser “Boa Tarde”. Então aqui já se olha com ar de graça de até sorri. Mesmo aqui há o outro lado da moeda. Irrita-me a perseguição que alguns empregados de loja nos fazem para saberem se queremos algo, se queremos o número acima ou abaixo da camisola que fomos experimentar, se pretendemos mais cores só porque estamos a experimentar uma amarela… (sabem lá do que gosto).
Irrita-me a forma como se rotulam as pessoas pela roupa que vestem ou pela profissão que têm. Se são funcionários públicos: não fazem nada e estão cheios de regalias. Estarão assim tanto? Então também quero ser – pensam todos os críticos. Se são cantoneiros ou “Homens do Lixo”: ou têm apelido Almeida ou são sujos. Já pensaram que Silva é o nome mais português e não Almeida? E se eles trabalham a limpar é porque privam a higiene e não a sujidade.
Por falar em sujidade, irrita-me que ainda se atirem papéis para o chão quando há uma infinidade de papeleiras espalhadas pelas cidades, algumas até são biblot’s das praças e das ruas.
Irrita-me que ainda não se faça reciclagem e que as pessoas que se queixem dizendo que não reciclam porque já pagam muita taxa de salubridade. Já pensaram que pagam muito porque ainda é preciso que se pague a muita gente para fazer o trabalho que eles deviam fazer em casa num simples gesto?
Irrita-me a ignorância. Não dos que a têm (pois também a tenho nalgumas matérias, e não são poucas) mas daqueles que a querem continuar a ter.
Irrita-me a falta de civismo que há nas estradas: estão dois carros a aproximar-se da rotunda e é ver qual deles acelera mais para chegar primeiro que o outro. “Assim tenho prioridade”.
Porquê chegar primeiro? Já pensaram que se alguém for em primeiro e cometer um erro, nós podemos não o cometer de seguida?
Irrita-me a moda. Se este ano se veste castanho, eu tenho de vestir castanho, se se usa rosa eu tenho de vestir rosa. Não tenho nada contra as cores mas só vestirei rosa quando me apetecer e não quando for moda, mesmo que o meu clube tenha optado por uma indumentária revolucionária que não é mais do que uma estratégia de marketing.
Irrita-me a mania de pensar que conseguimos arranjar uma TV se a abrirmos. Primeiro, não nos compete. Segundo, podemos destruí-la de vez. Terceiro, não somos técnicos de audiovisual e não percebemos nada daquilo.
Irrita-me a mania de ter um telemóvel diferente todos os anos,... qualquer dia nem fazem chamadas.
Irritam-me os lights das bebidas sem calorias e carregadas de açúcar e dos iogurtes 0% gordura…
Irrita-me a mania de não ler avisos nem livros de instruções. Primeiro carrega-se em todos os botões e depois, quando virmos que não funciona, então vamos pegar no livro de instruções para sabermos onde fica o botão On/Off.
Irrita-me a mania de “receitarmos” o nosso médico aos nossos amigos pois ele é o melhor e não temos nada a dizer dele. Ele que até nos curou da maleita que nos apoquentava há anos e ainda ninguém tinha descoberto. Alguém vai dizer mal do médico que ainda nos assiste?
Pois bem, talvez nada disto me tivesse passado pela cabeça se eu hoje não tivesse acordado... irado.

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