Mundo heterogéneo
O vidro deixa transparecer uma rua com árvores a todo o seu comprimento. Por entre elas, um esquiço de azul do céu. Lá fora o ar livre do vento que sopra de norte. É um ambiente fresco mas o sol aquece-o.
Por detrás do mesmo vidro, um barulho do ar condicionado que conserva o ambiente e que me vou habituando.
Pessoas sentadas, mergulhadas em mundos diferentes: actualidade nos jornais que mais tarde vai ser a história que os nossos netos vão estudar; estudos (semi) científicos dos mais variados assuntos; leituras de prazer dos volumes clássicos das sociedades russas do início do século XIX (e, simultaneamente, tão actuais) que alimentam tanto as mentes mais experientes como as mais frescas, as leituras leves dos novos executores de páginas e operários da escrita, o consumo técnico dos escritos de método que aquecem os neurónios académicos.
Há os tecnólogos que se fazem acompanhar pela mala com o portátil. Têm mais cuidado com o portátil do que consigo próprios. As suas carreiras estão a começar no disco rígido do computador e os relatórios, os trabalhos, as pesquisas, são reunidas em ficheiros como de um diário digital se tratasse.
Quantas mentes brilhantes dentro desta casa. Mas quantas delas terão oportunidade de brilhar realmente?
Outros há que o seu mundo se reduz a um leitor de mp3 e que os faz oscilar as cabeças mais parecendo aqueles bonecos de caco que os camionistas trazem no tabelier. Estão à espera de “ir à net sacar mais umas músicas” ou de procurar umas cenas para um trabalho que o prof mandou fazer. Comentam com um amigo sentado no sofá do lado: “Ouve-me este som!!! Bué de curtido!!!”
O amigo levanta o sobrolho como que a dizer ironicamente “é fixe”… e volta a mergulhar-se na revista em que está a bike dos seus sonhos.
Depois há os cinéfilos (ou clientes de imagens em movimento) – os de blockbusters ou os de cinema de autor. Os primeiros procuram as estreias e o mundo hollywoodesco que os ocupa em tempo de ócio e das tardes/noites vazias. Os segundos, procuram os clássicos e os grandes filmes em que Bergman é mestre – referência das escolas de cinema. Lêem atentamente a sinopse de cada filme, com especial olhar para os directores de fotografia, os produtores, os actores, os argumentistas, etc.
Há os habitués – que sabem como funciona a casa do conhecimento, cada canto, cada movimento, onde se guardam os números das revistas mais antigas.
Há os curiosos – que olham para tudo com olhar de descoberta, há os que acompanham os filhos nos primeiros trabalhos da escola que agora começa e que se preocupam mais do que aqueles para que encontrem o que procuram.
Há os pais extremosos que levam os meninos, desde cedo, à companhia dos livros, do ambiente do conhecimento e do saber. Contam-lhes histórias, mostram-lhes os livros, etc.
Há os investigadores e autodidactas que procuram tudo, por curiosidade, por necessidade, simplesmente por vontade de aprender. Querem saber mais da terra onde nasceram, dos costumes dos seus antepassados, do nome da rua onde nasceram seus avós.
As mostras que patenteiam no amplo espaço desta casa trazem outros personagens: os autores que se dão a conhecer na sua forma de arte e os novos amigos, os que nos querem conhecer (naquilo que somos e que damos a conhecer).
Que mundo tão diferente: de necessidades, de procura, de ocupação de tempo, de busca do saber e, ao mesmo tempo, tão igual. Todos estão na mesma casa, todos estão imbuídos num mundo tão seu…
Tudo nesta casa: letras, sons, imagens… sentidos despertos, porta aberta ao conhecimento…
Por detrás do mesmo vidro, um barulho do ar condicionado que conserva o ambiente e que me vou habituando.
Pessoas sentadas, mergulhadas em mundos diferentes: actualidade nos jornais que mais tarde vai ser a história que os nossos netos vão estudar; estudos (semi) científicos dos mais variados assuntos; leituras de prazer dos volumes clássicos das sociedades russas do início do século XIX (e, simultaneamente, tão actuais) que alimentam tanto as mentes mais experientes como as mais frescas, as leituras leves dos novos executores de páginas e operários da escrita, o consumo técnico dos escritos de método que aquecem os neurónios académicos.
Há os tecnólogos que se fazem acompanhar pela mala com o portátil. Têm mais cuidado com o portátil do que consigo próprios. As suas carreiras estão a começar no disco rígido do computador e os relatórios, os trabalhos, as pesquisas, são reunidas em ficheiros como de um diário digital se tratasse.
Quantas mentes brilhantes dentro desta casa. Mas quantas delas terão oportunidade de brilhar realmente?
Outros há que o seu mundo se reduz a um leitor de mp3 e que os faz oscilar as cabeças mais parecendo aqueles bonecos de caco que os camionistas trazem no tabelier. Estão à espera de “ir à net sacar mais umas músicas” ou de procurar umas cenas para um trabalho que o prof mandou fazer. Comentam com um amigo sentado no sofá do lado: “Ouve-me este som!!! Bué de curtido!!!”
O amigo levanta o sobrolho como que a dizer ironicamente “é fixe”… e volta a mergulhar-se na revista em que está a bike dos seus sonhos.
Depois há os cinéfilos (ou clientes de imagens em movimento) – os de blockbusters ou os de cinema de autor. Os primeiros procuram as estreias e o mundo hollywoodesco que os ocupa em tempo de ócio e das tardes/noites vazias. Os segundos, procuram os clássicos e os grandes filmes em que Bergman é mestre – referência das escolas de cinema. Lêem atentamente a sinopse de cada filme, com especial olhar para os directores de fotografia, os produtores, os actores, os argumentistas, etc.
Há os habitués – que sabem como funciona a casa do conhecimento, cada canto, cada movimento, onde se guardam os números das revistas mais antigas.
Há os curiosos – que olham para tudo com olhar de descoberta, há os que acompanham os filhos nos primeiros trabalhos da escola que agora começa e que se preocupam mais do que aqueles para que encontrem o que procuram.
Há os pais extremosos que levam os meninos, desde cedo, à companhia dos livros, do ambiente do conhecimento e do saber. Contam-lhes histórias, mostram-lhes os livros, etc.
Há os investigadores e autodidactas que procuram tudo, por curiosidade, por necessidade, simplesmente por vontade de aprender. Querem saber mais da terra onde nasceram, dos costumes dos seus antepassados, do nome da rua onde nasceram seus avós.
As mostras que patenteiam no amplo espaço desta casa trazem outros personagens: os autores que se dão a conhecer na sua forma de arte e os novos amigos, os que nos querem conhecer (naquilo que somos e que damos a conhecer).
Que mundo tão diferente: de necessidades, de procura, de ocupação de tempo, de busca do saber e, ao mesmo tempo, tão igual. Todos estão na mesma casa, todos estão imbuídos num mundo tão seu…
Tudo nesta casa: letras, sons, imagens… sentidos despertos, porta aberta ao conhecimento…
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