19 agosto 2007

Faz-me falta

Faz-me falta o teu cheiro no fim do banho, faz-me falta o teu olhar quando acordo pela manhã. Tenho saudades dos tempos em que acordamos na mesma cama, em que saímos do mesmo quarto e que tomávamos café na mesma varanda. Fugiste desta vida.
De que te cansaste tu? De mim? Da forma como te vejo?
Não sou fácil para viver em conjunto. Tenho uma maneira de ser. Nem melhor, nem pior do que os outros, é a minha forma de estar.
Sou preso às minhas coisas, aos meus tempos e espaços. Quero ter vontade própria e quero poder estar onde normalmente não estou.
Se calhar estás cansada daquilo que já vivemos ou tens receio daquilo que eu quero viver. Momentos bons, partilhados com alguma alegria...
Mesmo que me tenha custado por algumas vezes, fiz de tudo para te agradar. Tu não me entendes. Acho eu. Ou se calhar sou eu que não te entendo.
Porque não entendes quando quero ficar ali sentado, só a contemplar aquele momento de serenidade.
Para tudo temos de ter um relógio. Não gosto da finalidade dos relógios.
Estamos de férias e temos de chegar até àquela hora ao hotel. Temos hora para jantar senão, não nos servem. Temos de nos levantar porque já é hora. Vamos sair porque até já é tarde e daqui a pouco é noite. Vamos mais cedo porque temos de ir aqui e ali. Se calhar é isto que nos torna diferentes. Gostas de gozar o tempo em função das coisas que queres viver. Eu gosto de viver as coisas mas nunca em função do tempo.
Chateias-te porque me levanto calmamente e porque não gosto de saber que são horas de me despachar. Chateias-te porque não me levanto da mesa assim que acabo de digerir o último pedaço de sobremesa. Chateias-te porque digo que não me compreendes.
Gosto de viver a vida sem pensar na correria dos dias dos outros e dos tempos que o relógio nos quer impor.
Tu gostas que as coisas corram em função do teu tempo. Se calhar estou a ser um pouco injusto e não estou a aceitar tão bem a tua forma de ser.
Se sou eu que não te entendo, explica-me como queres viver, se sou eu quem não vê as coisas na tua (certa) perspectiva, mostra-me como faço, se sou eu quem não te deixa viver em função do teu tempo, acerta a minha forma de estar. Mas peço-te que o faças sem me tentar mudar.
Já quase me roubaram esta minha forma de ser, não a mudes, diz-me como conseguimos viver os dois dentro das mesmas horas de um dia igual para ambos.
Agora que não te tenho, digo que sinto a falta do teu querer…
Fazes-me falta…

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