06 agosto 2007

Reencontro

Daniel está sentado no banco da estação.
Espera Adriana que chega de viagem. Estão todo o ano juntos mas Daniel mantém um amor platónico que não pode revelar. Adriana sente que, apesar da dedicação de amizade que Daniel nutre por ela, também terá algo mais no olhar que cruza com ela.
Daniel está impaciente. Ele sabe que o comboio só chegará às 10h00 mas chegou às nove em ponto à estação. Não é seu hábito chegar muito cedo, mas hoje é especial.
Levantou-se cedo, aliás quase nem dormiu com a vontade que as horas passassem o mais rapidamente possível. Não vê Adriana há semanas e está ansioso. Pelo meio, trocaram algumas chamadas mas a proximidade do olhar ainda não é permitida via telemóvel.
Apesar da ausência de Adriana, Daniel manteve-a sempre presente. Quase a todo o instante pensava na hora de reencontrá-la.
Quando Daniel se cruzava com um carro igual ao dela, confirmava se a matrícula (que ele conhece de cor) era a mesma…
Quando o telemóvel tocava, esperava que fosse Adriana. Nem que fosse a dizer um simples “Olá”… ou a dizer… “Desculpa, não sei se me estás a ouvir mas eu não consigo ouvir-te…”
Será que não o ouve mesmo?
Ainda faltam dez minutos, chega um comboio. Daniel fixa o olhar para saber de onde vem este. A voz radiofónica da estação já disse duas vezes:
“Senhores passageiros, o comboio que vai dar entrada na linha dois, teve como partida Terra de Luz”
Apesar disto, Daniel está em fervorosa para ver Adriana.
Conseguirei esperar mais dez minutos? – pensa Daniel – Já que esperei estas semanas, mais dez minutos não serão demais.
Daniel sabe bem que Adriana não é sua exclusividade, aliás nem sua é. Daniel sente-se muito ligado a Adriana. Admira-a, segue o seu exemplo, quer ser sempre amigo dela, quer que o carinho que nutre por ela esteja como o ar que respira – sempre presente.
Pum pum… pum pum… Cantam os carris como se de batidas do coração se tratassem. Ao invés da velocidade das batidas nos carris que vai abrandando, as pulsações de Daniel aceleram à medida que vai percebendo que este comboio traz Adriana.
Daniel só quer um sorriso, como só Adriana tem para lhe dar…
Parou o comboio, saem os passageiros… Adriana não demora a descer os degraus que a trazem de volta à Terra das Letras.
Daniel alegre – todo ele sorri. Chegou Adriana como tanto esperava.
O reencontro dos olhares profundos, fiéis, amigos… cheios de… sentimentos de Daniel.

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