14 agosto 2007

Luto no mar...

Maré-alta mas tudo navega. As redes já haviam sido lançadas e espera-se a melhor hora para as alar. Muito peixe estava já entre o cerco.
O Mestre comanda a companha.
De quando em vez… um brado… as vagas do mar cada vez maiores e era necessário um grito para comandar os homens…
O Mestre era como o mar… às vezes calmo, outras picado…
Ondas se levantam quando revoltado está…
Maré-cheia – sempre… Mesmo calmo, era uma vida…
O Mestre tem nome de livro aberto, páginas vincadas como a personalidade de um homem de mar e de letras…
Muitas vagas passam sobre a pequenez da sua figura mas nenhuma consegue sobrepor-se a tamanha grandeza de voz…
Premissa sempre válida até à hora fatal… no início da noite de 14 de Agosto de 2006, uma enorme onda rouba, aos homens da lancha, o seu Mestre…
Letras desconjugadas, lançadas ao mar… um grito que se ouve ao fundo, no horizonte, no final de uma linha (vida) … Vela que cai sem um mastro firme que a segure…
Ficará para sempre gravado, na vela desta lancha, o nome de quem a levou além-mar num romance sem fim.
Novo rumo para esta lancha… que Norte terá…

à memória de ml…

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