10 setembro 2008

Capítulo IX - A certeza e a dúvida

Com novos dados para a investigação, Luciana mostra cada vez mais interesse em descobrir. Tinha ficado com a carta em mente.
“É trovadoresca!”
Para Luciana, o homem era jovem e admirava alguém que colocava acima de si, pelo menos em admiração.
Apontava agora, na sua lista, os indícios que poderia levar até ao jovem escritor.
Já pensava escrever uma história sobre este amor quando se depara com um nome capaz de ser o autor dos escritos do celeiro: Rodrigo.
“Rodrigo está apaixonado! É isso, Rodrigo está apaixonado. O tempo que passa a escrever no seu bloco quando está junto ao lado…”
Para Luciana este era um motivo tanto feliz como triste.
Feliz porque tinha cada vez mais certezas em relação ao autor das cartas.
Triste porque Rodrigo sempre tinha sido o jovem com quem gostava de namorar e agora ele estava apaixonado por uma mulher mais velha.
Se ele gosta de uma mulher mais velha, não sou eu com certeza – pensa a jovem. Mas quem será?
Um pouco desanimada por saber que, afinal, tinha descoberto o que não queria, Luciana vê agora a necessidade de descobrir a destinatária das cartas.
“Rodrigo é um jovem correcto, aplicado e educado. Marília sempre lhe passou os melhores valores. A vida dele sempre foi conseguir evoluir, sempre quis ser correcto e demonstra-o todos os dias. Porque se terá deixado levar por uma admiração amorosa por alguém mais velho?” – Escreve Luciana no seu caderno como desenvolvimento da “tese” que escrevia no estudo do caso e que mostrava um pouco de ciúme na sua questão.
Rodrigo conversava com Luciana como se de uma irmã se tratasse. Davam-se bem. Luciana gostava de Rodrigo mais do que ele pode imaginar. Aliás, mesmo que Rodrigo nunca tenho ouvido da boca dela mais do que um “sinto um carinho grande por ti”, Rodrigo sentia que Luciana só não correspondia fisicamente. Contudo, para Rodrigo isto era mais uma vontade do que propriamente uma crença.
Luciana admirava a correcção no viver de Rodrigo mas pensava que ele não gostaria assim tanto dela. Agora com as cartas tinha a certeza que não era dela que ele gostava.
Seria assim?
Numa outra carta, Luciana tinha lido que o autor respeitaria sempre a vontade de sua amada pois, alturas houve, em que Rodrigo teve de resistir a um impulso para beijar a “sua senhora” e este não o fez porque ela tinha dito:
“Aqui não.”
Luciana, começa a pensar no dia em que também ela teve de resistir à sua vontade de beijar Rodrigo mas ele estava na cave da casa a arrumar uns livros de D. Joaquim.
Luciana lembra-se que também ela tinha dito a Rodrigo que “ali não” pois queria que o momento fosse mais especial.
Então a jovem cora de pensar que gostaria de ter sido aquele o episódio relatado numa das cartas.
Sim, era a vontade dela.
Mas, se sou eu, porque me trata por senhora?

Nenhum comentário: