11 junho 2007

Hoje sou um grão de areia


Estou no meio de outros tantos grãos de areia numa praia cheia de gente. Também sou uma pessoa no meio de uma multidão. Sou banhado por um mar.
Sou um grão redondo como tantos outros, sou do tamanho de outros tantos iguais. Sou também diferente de todos estes. Não sou mais redondo do que eles, mas também não menos que os demais.
De que cor sou – da cor da pele. Como é possível ser da cor da pele dos humanos? Os humanos têm cores diferentes e os grãos de areia não podem escrever. Eu escrevo.
Então sou um grão de areia diferente. Sou um grão de areia que escreve. Sou um grão de areia com a sorte de saber que sou diferente.
Os grãos de areia também podem ter sorte.
Eu tenho…
Porquê?
Porque sei que existo, porque posso escrever, porque tenho um mar que me banha, porque estou numa praia infinita, cheia.
Mas por que razão estou nesta praia e não estou noutra?
Não sei…
Saberei um dia.
Se um dia pensei poder escrever e hoje escrevo, também um dia saberei porque estou aqui e não noutro lugar.
Então aí serei um grão de areia com conhecimento. O conhecimento da razão de existir…
Sei que sou um grão de areia, logo, existo como tal…
Tenho luz que me ilumina, tenho perfume de mar, tenho cor de humano, tenho forma e escrevo (nem bem, nem mal… antes pelo contrário).
Estou sozinho no meio de uma multidão. Acompanhado por outros tantos…

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