17 junho 2007

Números...

Viajo pelo mundo, sem ninguém a quem ligar… Parei no hotel. A recepcionista perguntou se queria algo, como é da praxe perguntar a um hóspede. Gosto de pessoas que perguntem mas não das que me chateiam com aquele sorriso amarelo.
Estou de passagem mas gostava de levar boa memória.
Subi, o quarto fica no fundo do corredor. A terceira porta à direita. Número 451. Lembrei-me dos livros… Dos que me acompanham em cada viagem que faço. Terei a sorte de encontrar um bom livro neste hotel? Já li os três que trago na mochila. O último com que me encontrei, fazia-me lembrar-te…
O número do meu quarto faz-me pensar se devo ou não entrar…
Estou cansado, quero repousar… mas… este número…
Pensei no último quarto de hotel. Treze, estava na porta. Não hesitei em pensar em… má sorte… mas entrei, passei o corpo por água… Sempre a pensar no treze…
Mais tarde pedi uma bebida… levaram-ma sem demora. Vi nos olhos do empregado que me pediu gorjeta… dou-lhe quando sair – pensei (quando dou uma gorjeta gorda, tratam-me de outra forma), no final dou-lhe…
Aproximei-me da varanda… malte no copo com duas pedras, ventoinha ligada, está calor, abro a porta da varanda… sento-me numa cadeira velha que lá está… Olho para o céu… pintaram o céu…
Que melhor poderia eu desejar para esquecer o treze da porta do quarto… um céu repleto de estrelas. Tento fazer o teu retrato… vejo-te ali… junto àquela constelação…
Consegui esquecer o treze…
Agora 451… faz-me pensar em livros… temperatura…
Estou pensativo, mas vou entrar… será que encontro o teu livro aqui…
Quero ler a tua história, estou curioso…
Viajo por várias razões… procuro-te por todo o lado… fico no hotel à espera que me ligues mas não sabes onde estou… vou à varanda e procuro-te no céu… onde estás? Presa a um número qualquer, talvez…
Em todos os hotéis e lençóis onde durmo, espero ver-te, sentir o teu cheiro… sem números de fantasia… quero ver-te a sério… tocar-te docemente… sou atrevido, quero mais do que olhar-te…
Deixei a mochila ao lado da cama… tomo um duche demorado… não sou capaz de te esquecer…
Antes do jantar, escrevo uma carta… para ti… mais um escrito… tenho alguns guardados na mochila… Não é o diário de viagem… são cartas sem morada de destino, mas são cartas para ti…
Quantas cartas tenho? Perdi a conta. Não as conto pois ficaria preso a mais um número. Iria gostar do número? Iria fazer-me pensar? … Não tenho cabeça para números, gosto mais de palavras… por isso te escrevo…
Há tanto para dizer mas não há palavras ou eu não as sei escolher…

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