Memória de uma noite…
São quatro da manhã, estou só… Ouço os relógios a pulsarem cada segundo que passa. Que estou a fazer… Vejo a luz do candeeiro sob a mesa. Um papel, um lápis e uma borracha estão em repouso, à espera que se lhes dê vida… O papel - suporte da obra, o lápis - ferramenta… a borracha - algo que quase não é usado. Porquê? – penso. Porque prefiro riscar, é sinal que tive uma ideia, se a apagar poderei não voltar a ela, se a riscar, há sempre a possibilidade de a ela voltar…
Um escrito, à espera de ser começado… Uma ideia abstracta à espera de se materializar para que passe à vida. As ideias, no cinzento, são incolores… as ideias no papel, branco – ganham cor.
Não sou arquitecto de ideias, sou operário. Não sou mentor delas, sou ferramenta. Não sou escritor, sou antes usado pelo lápis para que este comunique com o papel… A borracha, observadora…
Agora, o ponteiro dos minutos correu... saltou dez vezes…
Parei um pouco, o lápis soou um risco pelo papel. Um aviso. Uma ideia que ficou escondida atrás de uma fina parede de carvão… Eu vejo-a mas o lápis preferiu deixá-la ali a repousar… está a amadurecer mais um pouco… De manhã estará fresca.
Não insisto e deixo ficá-la ali… a borracha ainda sentiu que seria levantada daquela calma… Observadora, percebeu que o seu mérito é apagar o que foi mal construído, aquela ideia é só um rascunho.
Continuo em desvario. Não sei o que marca a cadência das palavras no papel: será o ponteiro dos segundos, será a marcha do carvão, será o ritmo das ondas de luz do candeeiro…
Não sei, mas parei um pouco e pensei…
Só tenho relógios digitais nesta sala, não posso ouvir os ponteiros…
Não tenho a luz acesa, já é dia…
Não tenho ideias no meu pensamento, só te tenho a ti…
Um escrito, à espera de ser começado… Uma ideia abstracta à espera de se materializar para que passe à vida. As ideias, no cinzento, são incolores… as ideias no papel, branco – ganham cor.
Não sou arquitecto de ideias, sou operário. Não sou mentor delas, sou ferramenta. Não sou escritor, sou antes usado pelo lápis para que este comunique com o papel… A borracha, observadora…
Agora, o ponteiro dos minutos correu... saltou dez vezes…
Parei um pouco, o lápis soou um risco pelo papel. Um aviso. Uma ideia que ficou escondida atrás de uma fina parede de carvão… Eu vejo-a mas o lápis preferiu deixá-la ali a repousar… está a amadurecer mais um pouco… De manhã estará fresca.
Não insisto e deixo ficá-la ali… a borracha ainda sentiu que seria levantada daquela calma… Observadora, percebeu que o seu mérito é apagar o que foi mal construído, aquela ideia é só um rascunho.
Continuo em desvario. Não sei o que marca a cadência das palavras no papel: será o ponteiro dos segundos, será a marcha do carvão, será o ritmo das ondas de luz do candeeiro…
Não sei, mas parei um pouco e pensei…
Só tenho relógios digitais nesta sala, não posso ouvir os ponteiros…
Não tenho a luz acesa, já é dia…
Não tenho ideias no meu pensamento, só te tenho a ti…
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